Série os melhores filmes sobre envelhecimento, gerações e terceira idade. On Golden Pond (Num Lago Dourado, no Brasil) é um filme...
Série os melhores filmes sobre envelhecimento, gerações e terceira idade.
On Golden Pond (Num Lago Dourado, no Brasil) é um filme (drama) estadunidense de 1981, dirigido por Mark Rydell. O roteiro, escrito por Ernest Thompson, foi adaptado de sua peça de teatro de 1979 de mesmo nome, com duas montagens famosas no Brasil, inclusive.
O elenco inclui Henry Fonda, a sua filha Jane Fonda e Katharine Hepburn. O filme ganhou o Globo de Ouro de Melhor Filme e teve 11 indicações ao Oscar, tendo sido vencedor em três categorias: Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Ator (Henry Fonda) e Melhor atriz (Katharine Hepburn).
Quando eu vi esse filme pela primeira vez, na estreia, no cinema Roxy em Copacabana no Rio de Janeiro, senti que estava testemunhando algo raro e valioso. A começar pelo elenco. Até então não se havia visto os majestosos Fonda, pai e filha, no mesmo filme e, tanto mais o tema em si.
Afeto simples é tão raro de se ver nos filmes. O tema do amor é muito recorrente, mas quantas vezes realmente acreditamos que os personagens estão vivendo o amor verdadeiro, não uma simples paixão açucarada de sessão da tarde, ou a luxúria em brasa dos filmes ousados?
É difícil retratar emoções frágeis e, ao mesmo tempo profundas, em um filme. As produções alcançando tais profundezas da alma são raros.
Na primeira assistência, eu tinha tinha apenas 18 anos de idade. A provocação pessoal me levou a repensar e a entender questões que eu vivia com meus próprios pais. Em especial o meu pai. Eu havia acabado de sair de casa e, de certa forma, infeliz com as minhas relações ascendentes. Portanto, vivi o filme assim.
Contudo, "On Golden Pond" é um tesouro por muitos motivos, e a “ficha caiu”, usando uma gíria da época, quando revi o filme com os meus 30 anos. Definitivamente, o filme me fez olhar para os meus jovens relacionamentos amorosos e me questionar se eu caminhava, como ser humano, para qualquer coisa próxima de uma relação plena e duradoura como a que eu havia testemunhado no filme.
Pretendo rever o filme novamente, a partir dessa resenha. O que será que me espera quando chego aos meus 60 anos de idade?
A história de "On Golden Pond" começa com a chegada de um casal idoso na cabana à beira do lago, onde passam o verão há muitos anos. O casal se conhece muito bem. Tem aquelas relações profundas que quase independem de legenda. Fonda é um velho professor ranzinza e cuja fachada esconde muita timidez. Hepburn aprendeu a lidar com os temperamentos da casa.
Em pouco tempo, mais três personagens entram em cena: a filha Chelsea ( Jane Fonda ), o seu noivo ( Dabney Coleman ) e o seu enteado (Doug McKeon). Esse é o primeiro ato da peça adaptada em filme.
No segundo ato, os conflitos são estabelecidos. Jane Fonda sente que o pai nunca lhe deu o devido crédito - ele queria um filho, ou talvez nunca tenha, realmente, entendido como ser pai.
Jane diz a seus pais que ela irá passar um mês na Europa com o seu noivo e pede aos seus pais para tomarem conta do seu enteado naquele verão. Conflito estabelecido.
A partir daí, inicia-se uma relação entre os três veranistas que caminha da má vontade até a direção de algum tipo de comunicação e confiança. Situações do enredo acabam aproximando o velho rabugento do garoto e algo precioso é compreendido, quando ao se relacionar com o adolescente, o velho Fonda aprende, tardiamente, como também confiar em sua própria filha e a se comunicar com ela.
E tome lenço molhado e lembranças próprias...
O enredo não escapa das previsibilidades, bem verdade, em especial para a plateia tardia, já que o filme estabeleceu parâmetros e fórmulas para roteiros quatro décadas adiante, o que de certa forma envelhece o que, na época era inovador. No entanto, "On Golden Pond" transcende a sua previsibilidade e se torna um filme com passagens de grandeza ainda hoje e, penso, para sempre.