Maiores de 60 Maria Amélia Rodrigues Lilian Cunha dos Reis Diversas pesquisas vem mostrando que a população no Brasil e no mundo vem e...
Maiores de 60
Maria Amélia Rodrigues
Lilian Cunha dos Reis
A queda é caracterizada como um deslocamento não intencional do corpo para um nível inferior à posição inicial, não havendo correção em tempo hábil e é ocasionada por circunstâncias multifatoriais que interferem na estabilidade do corpo. Ou seja, a pessoa por inúmeros motivos parte para uma posição mais baixa que a inicial, podendo causar traumas leves, moderados e graves.
A ocorrência de quedas mostra um sinal de fragilidade da pessoa, que pode levar a institucionalização, internação e óbito. Os acidentes em geral é a quinta causa de morte entre os idosos e as quedas são responsáveis por 2/3 destas mortes acidentais.
Segundo dados da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, a cada ano, aproximadamente 30 a 40% dos idosos caem pelo menos uma vez, e as consequências negativas extrapolam o aspecto físico, sendo também psíquicas e sociais. Esses números aumentam após os 80 anos.
A queda representa um grave problema de saúde pública devido as suas consequências que vão desde lesões leves, medo de cair repetidas vezes e insegurança, até fraturas, dependência, incapacidade funcional, isolamento social, diminuição da mobilidade, hospitalização e institucionalização, o que causa impacto na sociedade como um todo, pelos prejuízos físicos, psicológicos e sociais.
Na presença de obstáculos simples, as pessoas jovens não caem ou tem menor probabilidade de cair, pois tem recursos (musculatura, equilíbrio, reflexos) que as protegem. Esses recursos devem ser buscados pelos mais velhos para que também possam evitar possíveis quedas. Isso pode ser treinado. Geralmente, idosos tem chance maior de cair uma vez que acumulam uma série de fatores de risco atualmente classificados como intrínsecos ou extrínsecos.
Uma queda aumenta a incidência de outras; as mulheres tendem a cair mais que os homens até os 75 anos, a partir daí as tendências se igualam; a maior parte das quedas ocorrem no horário de maior atividade e apenas 20% à noite. Além disso, o fato de ter mais de 65 anos aumenta a incidência de complicações e morte, sendo que 3/4 das quedas levam à lesões, e dentre aqueles que caem, cerca de 2,5% precisam de hospitalização e metade dos pacientes que caem não procuram atendimento médico.
Os fatores de risco de queda extrínsecos incluem as dificuldades encontradas no ambiente, como por exemplo piso escorregadio, calçados inapropriados ou o famoso tapete dobrado ou qualquer outro obstáculo presente no local. Já os fatores intrínsecos dizem respeito às dificuldades próprias do indivíduo que cai: doenças associadas, medicações, alterações sensoriais (principalmente perda da visão e audição), força muscular e outras.
Diante disso, podemos nos questionar: como prevenir as quedas na população acima dos 60 anos? As principais medidas de prevenção são: deixar o caminho livre sem qualquer tipo de obstáculo causador de quedas como tapetes e móveis instáveis e fora do lugar, não deixar o piso escorregadio, não deixar os animais domésticos no caminho, usar sapatos confortáveis e adequados ao indivíduo, deixar o ambiente bem iluminado, utilizar-se de corrimãos em escadas, estimular prática de atividades de coordenação e concentração, não deixar de usar óculos e mantê-los sempre as mãos, evitar ficar sozinho, praticar exercícios físicos voltados ao fortalecimento e equilíbrio e estimular comportamento e atitude segura.
Os tratamentos para idosos que tem tendência a queda incluem: correção da catarata e demais distúrbios visuais e auditivos, atividades que levem a melhorar o equilíbrio e a força muscular, suspender e ajustar drogas que potencialmente aumentem o risco de quedas, sugerir mudanças estruturais que tornem o ambiente domiciliar menos perigoso, controlar doenças crônicas que levem a diminuição de massa muscular e fazer recomendações de forma individualizada.
Estudos científicos mostram que programas de exercícios foram capazes de promover redução de quedas. Os programas que combinaram diversas modalidades de exercícios conseguiram maior benefício quando comparados a programas que promoveram apenas um tipo de exercício.
Atividades que envolvam dupla tarefa como citar cores ou meses do ano durante a elevação da perna, desafiadores e que estimulem o equilíbrio como Tai Chi Chuan, Pilates e Yoga são de grande relevância para prevenção de quedas.
Há muitas formas de explorarmos esse assunto a fim de conscientizar a população sobre a prevenção de quedas em pessoas acima dos 60 anos. Diante disso, elaboramos um curso online e gravado para assistir onde quiser. Ministrado por 2 fisioterapeutas com experiência no assunto, será abordado questões teóricas e exercícios físicos práticos de grande validade para prevenção das quedas.
Maria Amélia Rodrigues – Fisioterapeuta e Doutora pela Unifesp
Lilian Cunha dos Reis – Fisioterapeuta e Mestre pela Unifesp